18 de julho de 2010



VENENOSA OU PEÇONHENTA?

Como disse no post anterior, vou voltar ao assunto sobre a questão venenosa ou peçonhenta. Adiantei que o termo correto para algumas serpentes é peçonhenta, uma vez que elas produzem e são capazes de injetar o veneno na presa.

Mas qual a diferença então entre venenosa e peçonhenta?

É justamente a capacidade de inocular o veneno. Uma planta, por exemplo, é considerada venenosa se produzir substâncias tais que, ao serem ingeridas, tiverem a capacidade de intoxicar e eventualmente matar, e no entanto ela não é peçonhenta.

Outro exemplo do reino animal são alguns sapos e rãs como a Dendrobates pumilio (foto) considerada um dos animais mais venenosos do planeta e no entanto não é peçonhenta, uma vez que só causa algum mal se for ingerida.














As serpentes peçonhentas estão classificadas em quatro famílias, Elapidae (corais e najas), Viperidae (cascavéis e jararacas), Atractasapididae (víbora serrilhada) e Colubridae* (cobra rateira) e todas possuem um aparelho produtor/injetor de veneno.

O veneno é produzido e armazenado em glândulas que se encontram na porção da musculatura supralabial do animal atrás ou abaixo dos olhos. As glândulas de veneno, que acredita-se serem uma evolução das glândulas salivares, podem ser de duas formas dependendo da família a qual a serpente pertence.

As famílias Viperidae, Elapidae e Atractaspididae possuem um par de glândulas em forma de bolsa ou lúmen onde o veneno é produzido e armazenado. Esse tipo de glândula está ligada a um músculo que é contraído no momento da picada. Com a contração muscular a glândula é pressionada e libera seu conteúdo rapidamente.

Já as serpentes peçonhentas da família Colubridae possuem um aparato chamado glândula de Durvenoy. Essa glândula se encontra fixa pelo tecido conjuntivo ligada à musculatura do maxilar. Aqui o veneno não fica armazenado no lúmen mas dentro das células do tecido e no momento da picada, o ligamento com o musculatura do maxilar contrai a glândula e faz com que o veneno seja liberado gradualmente pelas células, e então "escorre" pelos dentes da serpente.

Assim à primeira vista não parece haver muita diferença, mas esses dois tipos de "aparelhagem" de liberação do veneno fazem toda a diferença na hora da picada. No primeiro caso, como o veneno já está lá armazenado, em uma única picada a serpente pode liberar uma grande quantidade de veneno e depois ficar à espreita esperando a presa morrer.

Por outro lado, os colubrideos precisam ficar em contato com a presa, ou seja, picar e ficar com o animal na boca por algum tempo para que seja injetada uma grande quantidade de veneno.

Essa é uma vantagem que as serpentes das três primeiras famílias possuem e que as tornam muito eficientes no quesito "caçada". Mas existe ainda outro fator importante para essa grande eficiência que é o tipo de dentição, mas esse vai ser assunto pra outro post.

Espero que tenham gostado...see ya!

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